segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Que friozinho!

"Ah e tal está frio", digo eu. "Sim, mas não te queixes que estás quase a ir para Portugal", dizem eles. E não acreditam quando lhes digo que na minha cidade tem nevado mais do que aqui. Fui então ver e comparar as previsões para a proxima semana. É verdade que as temperaturas aqui são mais baixas, mas a diferença não é muita. Além disso aqui náo se passa frio em lado nenhum a não ser na rua. Já em Portugal não é bem assim...
O sol também faz muita diferença... diz que aqui se põe por volta das 15h30 (14h30 em Portugal) e em Portugal às 17h... pois...

sábado, 13 de dezembro de 2008

Conversas e pierogi


Há conversas e conversas! Umas mais interessantes e outras menos. Há conversas longas e pouco interessantes e outras curtas, com meias palavras que valem ouro.
Ontem eu e a minha colega decidimos ir almoçar juntas. Fomos a um local onde se fazem os melhores pierogis (dumplings) do mundo. São feitos à mão, por um casal de 80 anos que tem esta pequena casa aberta desde sempre. Um local pequeno, com poucas mesas. Daqueles onde só vai quem conhece e onde toda a gente se cumprimenta. Sentamo-nos numa mesa para 4 e pouco tempo depois juntou-se a nós uma senhora de idade. Esta proximidade e à vontade de partilhar a mesma mesa com desconhecidos é algo muito polaco. 5 minutos depois uma outra senhora de idade completa a nossa mesa. Teriam cerca de 80 anos e logo perceberam que eu e a C. falavamos noutra lingua. Surpreendendo-nos às duas, uma delas vira-se para nós e pergunta num inglês quase perfeito "e falam inglês?". Bem, na verdade ela misturava um pouco o inglês com alemão, mas ainda assim tudo compreensivel. Quantos jovens nesta cidade não falam, connosco, estrangeiros, ou porque não sabem ou porque têm medo de falar? E ali estava, uma senhora com 80 anos a conversar connosco. E a seguir traduzia sempre á amiga, de modo a toda a gente entender. Se todos fossem assim por cá, a nossa vida seria muito mais facil.
E naquele momento, eu e a C. admiramos aquelas 2 senhoras. Andar pesado e lento, mas bem arranjadas e bonitas. As suas mãos tremiam mas isso não as impedia de usar batom. A certa altura uma delas entornou o barszcz, a típica bebida quente feita da beterraba (eu sei o que estão a pensar, mas é uma das melhores coisas que já provei!). Com um olhar entristecido lá pousou a caneca e queixou-se em polaco da sua Parkinson. Depois daquela conversa agradável era a minha vez de as fazer sentir bem. E sem pensar só disse em polaco "Ah, não se preocupem! Eu e aqui a minha amiga também vamos ter disso um dia!". Desatou tudo a rir, claro! No final sairam as duas juntas. Desejaram-nos as maiores felicidades e nós a elas.
E depois de um almoço tão simpático tive a certeza absoluta, que quando for velhinha, quero ser como elas!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ostatni bal polichtekniki

Ou seja, o ultimo baile (festa) da minha universidade. Não, não a vão deitar abaixo se bem que... apenas se fundiu com uma universidade vizinha e agora vai mudar de nome. Soube da festa apenas algumas horas antes. Pelos vistos todos iam lá estar e a coisa prometia... Mas não foi bem assim, e várias coisas contribuiram para isso:
1- Disseram-me que o traje era formal e que devia ir vestida como as pessoas do cartaz (vestido e tal). Pensei na ultima vez que me disseram isso no nobel cá do sitio, onde era a unica de vestido (tão) formal. Assim desta vez optei por uma coisa mais simples e menos chique. Pois... mais uma vez foi a opção errada! Toda a gente de preto e brilhantes e eu de vermelho. Toda a gente descapotavel e eu de mangas compridas. Toda a gente de sapatos e eu de botas (devem ser parvas, com 0ºC lá fora!!!). está visto que não tenho jeitinho nenhum para estas coisas. Ok, não era assim tão mau. Havia piores que eu... tipo vestidos ás flores de verão com sandálias de salto de palha!
2- A companhia também não era a melhor. Fui com um casal de namorados. Ele trabalha comigo e é ela quem veste as calças lá em casa. Parva que até doi. Afinal do pessoal que trabalhava quase mais ninguém foi. Conhecia alguns mas mal. Ninguem dançava. Diziam que não gostavam da música! A meu ver a musica estava muito boa, mas isso sou eu. Depois de tantas noites no Kalmaria em évora (xiiiii do que eu me fui lembrar), qualquer coisinha é melhor!
3- Eu estava numa de me divertir à maluca no matter what. Então quando me apresentaram as 3 galinhas, lá fui dançar com elas. Eram 3 raparigas, sempre muito juntinhas e aos segredinhos e a compor o cabelo/vestido/maquilhagem umas das outras de 5 em 5 minutos. Obvio que 4 seres femininos na pista deram nas vistas e lá vinham os polacos de nariz comprido a meter-se connosco. Bem, era mais com uma delas, que a meu ver era a mais gira. As outras não eram más, mas aquele ar aterrorizador e sem mostrar os dentes não ajudou! Uma delas falava comigo de vez em quando em inglês. As outras olhavam de alto abaixo como se fosse um favor que me estava a fazer, deixarem-me dançar com elas. Tive certeza quando fomos à casa de banho. A mais fixe foi directa para a nossa mesa e as outras parvas passaram à frente da fila na casa de banho. Como sou decente e respeito os outros fiquei na fila. Ao passarem por mim não me dirigiram a palavra e ainda empinaram o nariz. Cheguei à mesa estava a outra rapariga já preocupada comigo! Agradeço a preocupação... mas sou gaja para 25 anos e com calos em discotecas... e ainda me hão-de explicar como é que alguém se consegue perder quando se tem uma mesa reservada que não sai do mesmo sitio!
4- Ponto alto da noite! O unico polaco que estava lá e não tinha medo de falar inglês comigo, perguntou-me "mas és inglesa ou americana?". Eu? Ele disse-me que eu não tinha sotaque nenhum! Claro que isto era um polaco a falar! Mas ainda assim fiquei contente!
5- Depois de um tempo, o casal amigo foi-se embora, eu comecei a cansar-me, troquei a ultima cerveja por uma cola e fui para casa. Muito boa a festa, mas com a companhia errada.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Só aqui...

Saio cansada e esfomeada do ginásio e caminho 10 minutos até à paragem do electrico. Apanho o dito cujo 5 minutos depois. Na paragem seguinte o motorista sai da casinha dele lá na frente e começa a dar aos braços (parecia o outro italiano, mas com menos gritos). A linha estava cortada, por isso havia 2 hipoteses. Apanhava-se o autocarro na paragem anterior (portanto teriamos que voltar ao mesmo sitio), ou duas paragens à frente. E avisarem o pessoal antes não? Ou voltava para trás e ficava a gelar mais 15 minutos ou sabe-se lá quanto tempo. Ou ia para a frente e andava até casa. É que 2 paragens à frente já são só mais 2 para a minha rua! Optei pela segunda... e cheguei ainda mais cansada e esfomeada...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Milão e Lugano - as aventuras

Parece que se está a tornar um hábito. O numero de situações estranhas que me acontecem estão a aumentar. Não sei se sou eu que as atraio se é assim mesmo. Antes de voar o J. dizia-me "vai e quando voltares contas-me aquelas histórias engraçadas que tu trazes sempre". Eu respondi que desta vez não ia ter nenhumas, mas ele torceu logo o nariz. Não se enganou afinal.
1- À rasquinha para ir à casa de banho não as encontro. Raio de aeroporto mais desorganizado! Num canto lá vejo uma para deficientes. Serve, pensei. Não trancava. Ai, o que faço! Não aguento mais. Que se lixe! Também por 2 minutos não há-de ser nada... pois não... 10 segundos depois um senhor abria a porta! Não sei quem ficou mais em pânico se ele ou eu! Teve a decência de desaparecer dali e não esperar à porta!
2- Apanho o bus para o terminal 1 onde teria que apanhar o comboio. Entro e sento-me. Depressa se encheu de gente. Com pessoas ainda na paragem o motorista, no seu italiano estridente, desata a gesticular e a gritar para toda a gente. Gritava que tinham que se apertar porque tinham que caber mais! Quando viu que já nem cabia mais uma sardinha lá arrancou... 2m... a seguir põe a cabeça de fora e desata a gritar para tudo o que era carro e estava à sua frente! "Olha Sara, estás na Itália, benvinda", pensei.
3- A melhor de todas! Iamos no comboio de regresso Lugano-Milão. Na fronteira o comboio pára e a policia suiça entra. Verificam passaportes e saem. A seguir entra a policia italiana. Pedem passaportes. Observam os passaportes com uma mirada rápida, pois têm o comboio inteiro para ver. Pegam no meu. Não fui excepção. Olhada rápida e começam a estender-mo para mo entregarem. Um pequeno papel começa a espreitar de entre as páginas. Porra! É o meu documento de residente na Polónia. O senhor pega nele e pela primeira vez vejo-lho o sorriso (muuuuuiiiito sarcástico) e ouço-lhe a voz... "Polónia... qual é a sua mala?". Aponto para cima. "Pode abri-la para eu ver?" Não só viu, como mexeu e remexeu tudo! Agradeceu e saiu! Ah bom! A bela reputação polaca a funcionar! Obvio que fui gozada a viagem toda. Parece que tenho ar de terrorista!
Houve outras tantas pequenas aventuras, principalmente com o meu italiano (?), mas nada demais! E estas chegaram bem!

Milão e Lugano

Usando o meu aniversário como pretexto, no passado fim de semana fui passear. Voei para Milão onde dormi uma noite e depois de comboio dei um saltinho até Lugano, na Suiça. Foi a segunda vez que estive em Milão e desta vez ainda menos tempo. A fachada principal do Duomo já não estava coberta de andaimes e pude tirar umas fotos decentes. O tempo não permitiu muito mais.
Quanto a Lugano a experiência foi diferente. Cidade pequena, que cresceu em redor de um enorme lago. Ao fundo vislumbram-se pequenas montanhas, o que torna a paisagem fantástica. Pareceu-me uma cidade claramente virada para o comércio. Tinha imensas ruas cheias de lojas de joias e relógios (claro), roupas e muitos chocolates (obvio) e toda a gente carregava sacos de compras.
Perfeito! Vista fantástica, o lago, um local tranquilo por descobrir, um parque cheio de árvores engraçadas e uma lingua não totalmente estranha (italiano). Bem, o tempo cinzento e chuvoso destoava um pouco, mas nem nos importámos muito com isso. Tudo muito bonito... até tentarmos encontrar um pub para beber uma cerveja! Apenas queriamos uma cervejola. Nada! Rua a rua, andamos, procuramos e nada. Não me digam que não há bares na Suiça? E não era suposto terem uns assim engraçadinhos ao pé do lago? Isso daria dinheiro não? Já a morrer de sede lá encontramos algo parecido com um bar. Tinha balcão e garrafas, mas muita luz e senhores de idade a ler o jornal. Bebemos uma cerveja. Ás 19h fomos postos na rua porque estava na hora de fechar. Ainda procuramos mais mas nada. Os restaurantes estavam abertos, mas todos os cafés fecharam às 19h. Num sabado à noite... nada...
Ainda assim foi divertido e passamos lá bons bocados. Valeu pela vista e pelas castanhas assadas! Sim, comi lá castanhas assadas compradas na rua! Ah e claro, chocolates. Eu que até nem sou grande fan, fartei-me de comer chocolates. Ah e já me esquecia... comi um fondue de queijo! Eu sei que não gosto de queijo, mas aquilo só sabia a derretido, mas valeu pela experiencia! Ficam as fotos!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Portugas vs outros-que-trabalham-por-aqui

Podia escrever isto só porque sou portuguesa e quero mostrar a todos o quão desenrascados somos. Podia escrever isto só para mostrar que há coisas em que ainda somos melhores. Podia escrever isto para mostrar que somos sempre melhores que os outros... mas não. Até porque a ultima não é verdade. Somos mauzinhos em muita coisa, somos desorganizados noutras tantas, mas se há coisa que um portugues sabe fazer bem é desenrascar-se. Bem, a história nem é bem sobre isso, mas vem no seguimento do post anterior.
Rapariga portuguesa chega a Szczecin há 2 anos (e 10 dias) atrás. As coisas são-lhe ensinadas meia vez e basta. Por ser a primeira estrangeira passa pelas situações mais estranhas, muitas vezes sem ajuda. Sobrevive a tudo e torna-se mais forte. Uma verdadeira sobrevivente ao mundo polaco.
Rapariga Italiana chega a Szczecin há ano e meio. Durante a primeira semana recusa'se a ir trabalhar sozinha, por medo de se perder. É treinada em vários aparelhos que com muitas notas e muita paciencia lá vai começando a usar sozinha. Ainda hoje tem medo de usar algumas. Quando algo avaria entra em panico. A maquina pode até estar a arder, mas ela vai sempre preferir gritar por alguem do que apertar qualquer botão. Ainda assim, sobrevive a tudo e torna-se mais forte.
Rapaz chinês chega a Szczecin há 6 meses. Não sai de casa com medo de se perder. Passa um verão inteiro enfiado na cidade, sozinho, sem poder trabalhar e sem sair para lado nenhum. Não gosta da comida e sofre com todas as diferenças culturais. Foi treinado em alguns aparelhos, fez as suas notas em chines, mas nunca mais usou nada. Vai sobrevivendo como pode mas ainda nao cresceu.
Outros polacos vão chegando. Ninguém quer ser treinado. Todos são treinados à força. Todos levam semanas a aprender. Todos se mostram inseguros e são precisas doses de paciencia para conseguir torna-los independentes no trabalho. Sobrevivem bem na polonia, mas no lab...
Rapariga portuguesa chega a Szczecin por uma semana. Sem fazer grandes intençoes de a treinar (por ser só por uma semana), ela pede para eu ensinar tudo. Ao segundo dia já mexe em tudo com à vontade e ao terceiro faz tudo e analisa os resultados sozinha, como se fizesse aquilo há anos! Na rua também não tem problemas em ficar sozinha e gosta de andar à descoberta das coisas mais estranhas da cultura polaca. Sobrevive muito bem e volta alegremente para o seu país de acolhimento com uma nova experiencia na bagagem.
Infelizmente, nada nesta historia foi exagerado e é pura realidade!