segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Domingo de Feira

Domingo
Todos os domingos numa das avenidas principais de BH faz-se uma feira com tudo e mais alguma coisa (roupas, sapatos, bijuteria, móveis, decoração, tapetes, ...). Não poderia largar esta cidade sem passar por lá. Avisaram-me para ir de manhã, mas aqui os autocarros são o que são e acabei por chegar lá as 11h. Havia muita gente e mal se cabia, mas como eu ia cheia de paciencia até gostei do ambiente. Os preços são bartos sim, mas nada assim ao preço da chuva. Como em todas as feiras, há barato mas de qualidade bastante inferior. Ainda assim fartei-me de comprar coisas e coisinhas... A feira é enorme e tem um sem fim de barraquinhas. Os preços descem sempre desde que se saiba falar com os vendedores e sobretudo se se levar mais que um artigo. no final há umas barraquinhas com comes e bebes bem tradicionais. Comi o famoso feijão tropeiro (feijão cozido com farinha, carnes gordas, torresmos e cebolinho) e uma espetada crocante, que era carne de porco envolta em bacon grelhada na altura com uns molhos estranhos que não percebi o que eram! De comer e chorar por mais. Só foi pena não ter companhia! Dei mais umas voltas e acabei por decidir ir até ao maior shopping da cidade, pois ainda não conhecia. Apanhei o autocarro, mas deixei passar a paragem! Disseram-me para descer logo na próxima e apanhar o proximo do outro lado da estrada. Quando dei por mim estava no meio do nada. Só tinha uma estrada muito movimentada. Esperei mais de uma hora na beira da estrada e quando apanhei o autocarro de volta reparei que era o mesmo motorista! Mais valia ter ido até ao fim da linha e voltado com ele! Enfim...
Já andei por muitas cidades e nunca me perdi tanto como nesta, onde afinal até falo a mesma lingua! É este o encanto do Brasil. Encanto agora, porque naquela altura não teve muita graça...

Ouro Preto

Sábado
Depois da noite intensa de ontem custou a levantar de manhã mas a vontade de conhecer Ouro Preto superou tudo. Esta pequena cidade, de ruas ingremes e muito inclinadas é maravilhosa. A sua arquitectura tem muito de portuguesa. É uma mistura entre o barroco português e o mineiro, conhecido aqui como barroco brasileiro. Há alguns séculos atrás descobriram-se umas rochas estranhas nesta região. Depois de serem estudadas chegou-se à conclusão que eram ouro preto cobertas de óxido de ferro. O Brasil ainda era nosso e claro que os portugueses correram para lá em busca de riqueza. Quando o minério começou a escassear, os portugueses aplicaram taxas muito altas de modo a continuarem a ter riqueza. Foi aí que o conhecido tiradentes iniciou uma revolta contra os colonistas. Tudo aconteceu nesta cidade... É muito agradável passear naquelas ruas. Há sempre samba a sair de uma janela, as casas coloridas, os meninos de rua, os vendedores ambulantes... Há qualquer coisa no ar...
A destacar estão as obras de António Francisco Lisboa, mais conhecido como "aleijadinho", cuja genialidade veio de cima quando perdeu as duas mãos e para não parar o seu trabalho atava objectos ao corpo. Fez grandes esculturas, com grandes pormenores e muitos detalhes, que ainda impressionam mais se imaginarmos a condição dele. A igreja São Francisco de Assis foi projectada por ele, mas o melhor deste edificio é a magnifica pintura no tecto, por Manuel da Costa Athaíde, que deve ser observada exactamente por baixo, pois quando observada de angulos diferentes adquire também formas diferentes e "tortas".
Foi um dia muito bem passado e que sem dúvida valeu a pena! Se puderem não percam esta cidade!

Cerveja a dados

Gosto deste departamento... eles fazem festas quando se lembram e só porque sim! Mas a verdade é que é assim que se conhecem bem as pessoas e é assim que os grupos ficam mais unidos.
Na passada sexta feira houve festa aqui no departamento. Duas arcas cheias de cerveja, um fogão de campismo para fazer cachorros quentes, um radio e umas colunas e foi ali mesmo na "pracinha", junção dos corredores que a animação decorreu. O jogo da cerveja a dados é muito facil. No bar, a pessoa e o barman lançam um dado. Se tirarmos maior não pagamos a cerveja, se tirarmos menor ou igual pagamos. No final de tudo o que interessa é o convívio. Só com 10 reais no bolso e o resto incluindo as chaves dentro do laboratório trancado e sem ninguém que me abrisse a porta, pensei para mim mesma "é melhor começares a ganhar, senão morres à sede". Ganho a primeira e perco as 2 seguintes. "Tenho que mudar de estratégia. Pensa Sara, pensa. O que é que vais fazer". Ora, tendo em conta que de 5 pessoas 4 acham imensa graça ao meu sotaque o melhor é ir fazer amizades com os gajos que organizaram festa. Meia hora depois já era eu que estava do lado de lá do balcão a lançar os dados contra o pessoal e em cada 2 que eles tinham que pagar uma era para mim! Claro que nem precisei tantas mas já tinha as minhas garantias. Quando apareceu alguém com chave acabei por ir buscar a garrafa de vodka que tinha levado e distribuí pelo pessoal bem como um dos chocolates. Todos gostaram claro! Em compensação tive que beber cachaça caseira pura (?!). Não era má, mas sem a doçura da caipirinha até ardi! O resto da noite foi o habitual. Muito samba, muitas histórias, muitas piadas de português e muitas gargalhadas!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

New Wave / Malhação

Cada vez que chego de manha à universidade e que vou percorrendo os vários andares do edificio do departamento de Física, me vou sentindo mais numa novela brasileira. Quem nunca assistiu à New Wave ou até à mais velhinha Malhação? Onde as guerras amorosas se instalavam, os ciumes vinham ao de cima e caras bonitas inundavam o ecran. Não é novela! Tudo aquilo é vida real. Todos os factos acontecem assim por aqui, é um retrato muito fiel da realidade. Claro que nem todos os casais têm uma bruxa a tentar destruir tudo, mas ha muita coisa coincidente. As salas de aula repletas de alunos que esperam o professor. A camaradagem do professor que trata os alunos por tu e ensina sempre bem disposto. A linguagem usada. Os corredores. É muito semelhante. Adoro o espirito deles. Ouvem-se gargalhadas em todos os cantos, ouve-se gente a cantar em todo o lado e mesmo gente a estudar! Acho que assim dá gosto andar na escola. Claro que as temperaturas amenas e o sol ajudam em muito. Os corredores não têm janelas, são abertos e os gabinetes as janelas que têm estão sempre abertas. Parece que o mundo individual de cada um é mais receptivo. Passa-se pela porta e diz-se bom dia, olá, faz-se uma piada.
Deve ser por isso que a tentativa de imitação dos morangos com açucar às novelas brasileiras não correu tão bem! É que também os morangos se baseiam no dia a dia das escolas portuguesas... que não são tão animadas como aqui! É uma pena! Mas algumas estão lá perto, o que significa que nem só o espaço faz um bom ambiente... as pessoas também são muito importantes!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Bacalhau à la Sara

Ou por outras palavras bacalhau com natas feito pela Sara. Ja fiz esta receita para um cento de pessoas e toda a gente gosta tanto que decidi sugerir aqui ao pessoal fazer uma jantarada. Como sempre só precisava de uma casa e uma cozinha. Como aqui festa é o que se quer montou-se logo o esquema todo. Dois dias antes compro o bacalhau (a um preço absurdo) e deixo de molho... Pois, tendo em conta que vivo numa pousada a solução mais facil que encontrei foi deixa-lo na casa de banho, dentro do unico recipiente que tinha lá no quarto... a gaveta do frigobar! Uma solução bem portuguesa! Tive sorte de calhar num dia em que não havia limpeza de quarto, senão posso imaginar a cara das empregadas da limpeza. Tiravam logo uma foto e punham logo no "nós por cá" brasileiro.
Nesta tarde fomos presenteados com a presença de um grande nome na área da tecnologia (já o conhecia mas a minha opinião pessoal vou guarda-la para mim, não vá mais tarde tramar-me a vida), Andrea Ferrari, que deu na universidade um pequena conferência. Sim, parece que o senhor é mesmo familiar do dono da ferrari. O que eu não sabia e fiquei a saber era que também ele iria estar no jantar. Boa! Eu só queria que saisse tudo bem. Demorou imenso tempo a fazer pois eramos 15 mas com uma maozinha, umas copadas de tequilla e umas latas de cerveja lá saiu. O pessoal tinha tanta fome que devoraram a primeira travessa num piscar de olhos (nem para mim houve). Fizeram muitos elogios e todas as pessoas que afirmavam não gostar de bacalhau passaram a adorar. Penso que os elogios foram sinceros, apesar de talvez um pouco influenciados pela fome negra que já deviam ter! Também me ensinaram a fazer brigadeiros. Por isso ja sabem, na proxima jantarada há sobremesa e tudo!
Todos me deram um conselho importante... se eu não vingar como nanotubista posso sempre abrir um restaurante!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Tangará weekend

Tangará

Tangará é um condominio fechado a cerca de 1h da cidade de Belo Horizonte. Casas escondidas no meio do mato e floresta interrompidas por cachoeiras lindas, cujo acesso se faz por trilhos e pedras íngrimes. Partimos sabado de manhã e aí vai a malta toda. Bagagem cheia de cobertores, cerveja e carne e começava assim o fim de semana. A primeira vez que desci os trilhos e vi as cachoeiras fiquei deslumbrada... é um sitio lindo. Pulamos todos para a água e fomo-nos pôr debaixo do jacto de água. Corremos umas duas ou três. O resto do dia foi passado a comer churrasco que assava lentamente e a beber cerveja... O por do sol foi visto do cimo do telhado onde existe um terraço (ainda estou para saber como é que ninguém caiu daquela escada de incendios abaixo) e à noite houve cantorias e mais picanha na chapa e arroz com feijão. Consta-se que a ultima lembrança totalmente desfocada ocorreu por volta do almoço, pois o resto são memorias intermitentes se é que me faço entender. Mas como eramos 10, dá para reconstituir os factos, como duas moças à estalada, mas a brincar, a afirmação do tocador de viola "agora é que vai sair uma musica portuguesa" tocando de seguida mamonas assassinas ou mesmo eu em cima da sanita a tentar mudar a lampada fundida da casa de banho. Temos muitas histórias engraçadas e muitas piadas sobre português para contar.
Foi bom acordar de manhã com os passaros a cantar, sair à rua e estender-me numa rede lá fora. Estas coisas assim sabem a Brasil!!!! Mal juntamos 4 pessoas fomos dar um mergulho e a ressaca passou de imediato mal aqueles jactos potentes bateram em nós. Acho que chega a ser terapeutico. Café da manhã tomado e pimba... a cerveja é para se acabar. Uns voltam mais cedo outros vêm e o resto do dia é mais do mesmo. Cerveja, picanha, maminha e muitas risadas. Um fim de semana muito muito bem passado.
Para uma ideia melhor do que é a beleza do Tangará, as fotos ficam a seguir.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

15 Novembro

Só para dizer que há um ano que sou licenciada!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Vai um choppinho?

Terça feira estava eu no auge das minhas medidas aqui no super aparelho quando a luz vai abaixo. Eh pá que cena, logo hoje que eu comecei. O pessoal juntou-se todo no corredor, incluindo o de outros laboratórios e começou a correr o rumor que iamos beber cerveja. Mas eram 3h da tarde e as vozes responsáveis disseram que a luz ia voltar. Pois... 1h depois a luz volta e foi uma trabalheira para deixar a máquina a funcionar outra vez. Depois de muitas gotas de suor (coisa impossivel numa sala que esta sempre abaixo dos 20ºC), estava quase quase tudo pronto quando... a luz vai outra vez em baixo. E a mesma voz responsável, que é o rapaz que dá assistencia, diz "ah azar, vamos mas é beber cerveja". E pimba, junta-se a galera toda em menos de um piscar de olhos, que para estas coisas já ninguém se atrasa e vai tudo para o boteco (tasca/restaurante se bem que boteco é atribuido a bar). O esquema é diferente do português. Na mesa são postas garrafas de 600ml e é dado um copo para cada um. Não cheguei a ver o fundo ao copo, pois há sempre alguém que vai reforçando a dose. Comemos pasteis, mandioca assada com linguiça e muito muito choppinho. Anoiteceu e o pessoal sempre na conversa. Chegamos 5 e no final eramos 20, mesmo com entradas e saídas de outros. Era o departamento de física em peso. Chegou a hora de fechar o restaurante e tivemos que sair. Hora de pagar... 10 reais! O quê? Bebo cerveja a tarde inteira, como e pago 10 reais? Tipo 3 euros? Muito bem, amanha á mesma hora? A propósito de horas... que horas são? Devem ser aí umas 10h da noite não? Não... era 1h da manha!!!! Os resistentes, eu e mais 3, tentamos encontrar um barzinho aberto para continuar a noite, acabamos a jogar snooker. Fomos ainda até ao mirante de mangabeiras e tenho pena de não ter levado câmara para tirar fotos. O cenário à noite ainda impressiona mais! Fantástico!!!!
Quando fui para casa o céu já estava a clarear e eram 6h! Às 8h estava a pé para tomar o pequeno almoço e ir trabalhar. Quando cheguei fiquei no corredor à espera que alguém me abrisse a porta. Todos os que passavam, professores ou doutorados me diziam bom dia! Alguns nem me lembrava deles. Já para não falar que agora conheço muito melhor o grupo com quem trabalho, que são todos uns porreiraços. Decididamente, estava a faltar uma noite de cerveja para começar a conhecer e a ser conhecida!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Lagoa de Pampulha

Domingo
Podem-me chamar de louca… eu sei que sou. Nunca tinha andado tanto na minha vida! Mas o que se passou nesta cabecinha? O mesmo de sempre… aquele pensamento “eu gosto de caminhar, eu consigo…”. Sim, decidi ir percorrer todo o calçadão em volta da lagoa de Pampulha. Um calçadão que tem apenas 18km!!! Eu pensei que caminhar em volta de uma lagoa é sempre agradável. O começo foi bem. Cheguei mesmo a tempo de ver começar a maratona pela diabetes (hoje era o dia mundial da Diabetes). Foi giro ver o pessoal a correr, havia música na rua, estava animado. Em redor da lagoa há vários pontos turísticos. Passei pelo clube de ténis mais famoso da cidade (também o mais caro, por sinal), pela igreja de São Francisco de Assis, conhecida pela sua arquitectura incomum e claro, pela beleza natural da própria lagoa. Tirei um monte de fotos. Ao km 10 (até parece uma noticia sobre ciclismo) os pés davam já sinais de cansaço mas estava a chegar ao parque natural da Pampulha, uma zona verde enorme, onde há locais bem definidos para jogar à bola, lançar papagaios, fazer piqueniques, trilhos para andar de bicicleta… lindo! E claro os animais, maioritariamente aves, mas também uns bichos castanhos tipo hipopótamos pequenos, que se chamam capivara. O máximo. O pior foi que pensei que no final do parque havia conecção para o calçadão da lagoa, mas não… ou seja, andei 1km lá dentro, e mais um para voltar ao calçadão. Desanimador. Com a ajuda de águas de coco e abacaxi (eles vendem na rua só o miolo bem fresco, imaginam como é para uma pessoa que adora essa fruta), lá fui andando e dando palavras de encorajamento a mim própria até porque voltar para trás era já a mesma distância. O calçadão tem zonas com mais pessoas e outras mais desertas. Aos domingos os brasileiros têm o hábito saudável de caminhar ou correr por ali ou outras zonas verdes. No entanto nas zonas com menos habitações vêm-se poucas pessoas o que torna o percurso mais duro. Num bom pedaço do trajecto a lagoa deixa de se ver e parece que caminhamos para a cidade mais próxima. Foi nessa parte que pensei chamar um táxi, apanhar um autocarro, mas que chegava de maluqueiras, pois o cansaço dos pés já tinha passado a dores. Não vi nem uma coisa nem outra, por isso fui andando. Parei um pedaço, mais uma água de coco, mais umas fotos e de volta ao caminho! O problema do percurso é que tem muitos braços compridos e estreitos. Vemos facilmente o outro lado mas para lá chegarmos é preciso fazer a volta toda lá ao fundo. Num desses braços, a lagoa é mais baixa e como esta região passou por um período de seca consegui atalhar 1km! Ufa! Mais umas paragens, novas coisas para ver, como o jardim zoológico (que não entrei), museu de artes, repuxo, mais um mirante e a casa do baile e pronto… percorri os km que me faltavam! Quando cheguei ao inicio da rua que sobe até ao mineirão nem acreditava… nem acreditava que tinha feito o perímetro todo… nem acreditava que ainda tinha que subir aquela avenida toda até chegar ao meu canto!!! Mas lá subi, havia jogo no mineirão, estava a festa instalada. Cheguei à pousada, comi qualquer coisa e fui-me esticar ao sol o resto do dia a ler!!! Há lá melhor vida que esta! Demorei 6h a fazer os 20km (sim 20, com o que andei no parque e até casa). Acho que também é bom conhecermos os nossos limites. Se algum dia precisar fugir para algum lado já sei do que sou capaz!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Belo Horizonte - Mapa


Segundo o senhor do shopping, a projecção da Cidade de Belo Horizonte foi feita baseada na de Filadelfia. Eles precisavam de um projecto rapidamente e contrataram um arquitecto americano, o mesmo que projectou esta cidade dos States. Pois muito bem, daí a cidade ser toda certinha, aos quadradinhos com ruazinhas paralelas e perpendiculares sempre. A melhor forma de nos orientarmos nela é: tomar uma grande avenida como referência e depois todas as ruas paralelas (perpendiculares) a essa avenida são os estados do Brasil e todas as perpendiculares (paralelas) são nomes de tribos indígenas ou de personalidades da cidade. Assim, sabemos sempre em que sentido estamos a andar! Fácil não? Vamos lá ver da próxima vez que for ao centro.

Belo Horizonte - Mirante de Mangabeiras

Mangabeiras é um pequeno bairro bem próximo do centro da cidade. A sua localização é numa encosta, pelo que no ponto mais alto fica um miradouro (mirante, em português do Brasil), de onde se vê a cidade toda de Belo Horizonte. A vista é de cortar a respiração! Há os tipicos vendedores de águas de coco e pipocas e é ali a olhar a cidade sob o calor, de coco gelado na mão, que sentimos mais que nunca que realmente estamos no Brasil. Neste bairro situa-se também a praça do Papa, de onde igualmente se tem uma vista global da cidade. Consta que há uns anos o Papa João Paulo II veio ali, na altura um descampado, celebrar uma missa e quando olhou a cidade disse "Mas que belo horizonte". Em sua homenagem fizeram então a praça do Papa. Próxima da praça está então a famosa rua professor Octavio Magalhães mais conhecida como a rua do Amendoim. Nesta rua existe uma curiosidade.
Como se vê na foto, existe uma suave ladeira. Nesse ponto, quando se pára o carro e se põe em ponto morto, o carro não desce a rua mas sobe. Eu vi com os meus prórpios olhos. Há diversas teorias, ha quem diga que é ilusão optica, há quem diga que é culpa de um certo magnetismo, pois a região é bastante rica em diferentes minérios (dái se chamar a este estado Minas Gerais). Bem, eu cá acredito mais na segunda hipótese tendo em conta que quando chove, a água corre normalmente para baixo. É uma experiência única e agradeço imenso so Senhor Marcos, pois sem ele eu não a teria tido. Tive mesmo muita sorte em conhece-lo.
Quando estavamos ainda lá no cimo do mirante, conhecemos a Greta. Uma jovem jornalista que mora no Rio, que estava na cidade a cobrir um evento de moda e que decidiu ir até ali. Perguntou se era longe e claro que lhe responderam "não, é já ali". A mim avisaram-me para ter cuidado com o já ali dos mineiros, mas ela caiu e subiu tudo aquilo a pé. Acabamos por lhe dar boleia até ao centro. O senhor satisfeito com toda esta companhia sugeriu-nos uma volta pela avenida do contorno, uma avenida que contorna todo o centro da cidade, marcando-a como se fosse uma muralha. Aceitamos e lá fomos para mais uma voltinha. O homem sabia a história de tudo e mais alguma coisa e realmente foi como um guia. Descobri que BH é muito recente, pois conta apenas 100 anos! Jovem ainda!

Depois de trocarmos contactos e das despedidas feitas voltei ao shopping inicial (para comer outra vez). Descobri que não era nada de especial, pois as lojas eram todas para bolsos mais recheados que os meus. Lá voltei à paragem do autocarro e à aventura que é conseguir apanhar o correcto. Desta vez havia uma paragem exactamente em frente àquela onde eu tinha descido! Esperei... meia hora depois aparece o meu. Já por causa das dúvidas pergunto ao motorista.
"Vai para a pampulha."
"Não, para a Pampulha tem que apanhar um que diga Dom Cabral" (eles têm autocarros com o mesmo numero, mas com trajectos diferentes).
"Ah. E este vai por onde? (esperando que passasse lá perto)"
"Esta vai para o Bairro Dom Cabral"
Bem, não sei o senhor estava gozar comigo, mas acho que não. Se calhar o que dizia Dom Cabral, não passava lá nesse bairro, sabe-se lá, no Brasil tudo é possivel!

Como tinha um monte de gente atrás a querer entrar nao fiz mais perguntas e saí. perguntei então a uma rapariga, que mostrou bem o que é a tão famosa hospitalidade mineira e me levou à rua certa, à paragem certa onde o meu deveria passar. Por via das duvidas aconselhou-me a perguntar outra vez. Mais meia hora à espera, aparece e pergunto de novo ao motorista. "Não, não vou para a pampulha, mas vou para lá perto". Perguntei o nome da minha rua. "sim, passo aí". Xiça... mas a minha rua fica na Pampulha... será que eles consideram a pampulha as casinhas em volta da lagoa?
Bem, mais uma vez já de noite lá consegui chegar a casa. Com uma dor de pernas daquelas, mas uma sensação de um dia em cheio.
As fotos não são minhas, porque ainda não arranjei maneira de descarregar a maquina, já que o meu pc não deixa, sabe-se lá porquê!!!


Belo Horizonte - Centro

Sábado
Bem, para contar o dia de hoje vou precisar uns quantos posts. Foi um dia em cheio, sem dúvida. Comecei de manha, por apanhar o autocarro e me dirigir ao centro. Sábado é um dia cheio de animação, com musica nas ruas, barraquinhas a vender de tudo e multidões de brasileiros às compras. Fui ao mercado central, famoso por vender de tudo um pouco, desde roupa, queijos, especiarias, ervas e chás, brinquedos, artesanato, ferramentas, apetrechos para a cozinha, redes, de tudo mesmo. Claro que já não saí de lá de mãos vazias. O centro não é muito grande e percorre-se facilmente a pé. Este era o meu maior medo, pois dos 3 mapas que tenho, nenhum deles tem escala e não fazia mesmo a minima ideia. As ruas são inclinadas e há imensos prédios altos misturados com casinhas rasteiras e mais velhas. No seu conjunto fica bastante engraçado.
De seguida fui passear ao parque municipal. Um espaço grande, verde mesmo no centro da cidade. Tem um laguinho, patos, pontezinhas... o costume. É muito gradável, sem dúvida e os sons da cidade são quase abafados pelo chilrear dos passarinhos. o parque é grande e no meio tem uma pequena feira popular para as crianças com carroceis, roda gigante (mas pequena) e afins. Claro que em todos os cantinhos se vendem água de coco, fruta, pipocas, algodão doce, cachorros quentes e os famosos sorvetes. Numa das pontas do parque estava instalado um pequeno palco com uma banda da cidade a tocar e fazia-se um rastreio para a hepatite B, onde a fila de pessoas era enorme.
Continuei o meu caminho e percorri várias ruas e praças mais conhecidas. Uma delas é a praça da liberdade. Em volta situam-se vários ministérios e o palácio do senador da cidade, todas elas com arquitecturas muito caracteristicas.
Com tudo isto a fomeca começava a apertar e decidir ir comer e refrescar-me... a mais um shopping. Vi no meu mapa e pensei, olha já estou na rua certa e tudo, agora é so ir em frente. O mapa de Belo Horizonte é razoavelmente facil, pois as ruas não têm curvas mas são todas direitinhas e formam todas angulos de 90º. Só que sabe-se lá porquê, segui pela rua a fora, sem virar uma unica vez e quando dei por mim já estava na rua do lado. Boa... vejo no meu mapa novamente e a questão é sempre a mesma. estou num cruzamento e quero mudar de rua... mas mudo em direcção à direita ou à esquerda? É que por muito facil que pareça, não o é... ficamos sempre baralhados e é preciso irmos ver a proxima travessa para saber se estamos a andar num sentido ou no outro. Depois de umas quantas subidas e descidas lá cheguei ao Diamond Mall. Nem olhei para loja nenhuma e desci directamente para a praça da alimentação, que como eles chamam ao conjunto de restaurantes num shopping. Ao lado havia também a praça do mercado, onde havia duas ou tres bancas de frutas, legumes, peixe e carne... sim... tudo isto dentro de um shopping. Eram 14h e todas as mesas estavam cheias, o que dificulta as coisas principalmente quando estamos sózinhas e não como guardar a mesa. Fui buscar comida e de tabuleiro na mão la comecei à procura de um lugarzinho. Como nasci com o rabinho virado para a lua, ficou uma mesa vaga mesmo ali ao pé de mim. Duas catraias ainda ma tentaram roubar mas eu sentei-me logo e disse "eu já tenho tabuleiro e vocês não". O rapaz da limpeza até se meteu comigo e disse "é assim mesmo, temos que ser espertos".

Estava eu a meio da minha refeição quando um senhor já de idade me vem perguntar se eu estava sozinha, que ele também estava e se se podia sentar na minha mesa. O senhor tinha um ar muito simpático, daqueles que tem mil e uma histórias para contar e eu acenei que sim. Não me enganei. À minha primeira frase perguntou-me logo se eu era portuguesa (claro, eles topam-me sempre) e também ele tinha raises portuguesas. Já tinha estado várias vezes em Portugal, também se orgulhava de já ter estado em todos os estados do Brasil e a sua cidade preferida é o Rio de Janeiro. Aprendi imensa coisa com ele, como por exemplo a orientar-me melhor no mapa de BH (explico melhor a seguir). Acabamos a falar dos locais que eu tinha visto hoje e dos que ainda gostava de ver. Falamos na famosa Rua do Amendoim onde é necessário ir de carro para experimentar a curiosidade que lá acontece (também explico mais tarde). Acabou por dizer que por eu ter cedido o meu lugar na minha mesa, ele me levava lá, pois de outra forma eu não teria hipotese, já que mesmo de autocarro ele não pára lá. Fiquei na dúvida pois apesar de ele ser muito simpático havia os 5% de hipótese de ele ser um assassino e tal. Ele viu-me receosa e disse-me onde morava, com quem morava, o que fazia, etc. Claro que podia ser tudo mentira, mas achei que podia confiar e aceitei. A hostória está no post a seguir.

Shopping Del Rey

Sexta-feira
Decidi sair mais cedo da universidade, apanhar o autocarro e ir até ao Shopping Del Rey aqui perto. Esperava que desta vez fosse um shopping a sério e não um fiasco como o da última vez. Felizmente não me enganei. O espaço é moderno e muito atraente. Tem tudo e mais alguma coisa lá dentro, incluindo cinemas, boling, espaço de jogos e espaços para crianças. As lojas são uma perdição especialmente para as mulheres. Têm coisas fantásticas, os preços são baixos e a variedade é muita. As secções de desporto e lingerie ocupam sempre uma boa percentagem da loja, ao contrário de Portugal e da Polónia. Nos corredores há pequenos quiosques com gelados, batidos e sumos naturais… mas daqueles que só encontramos cá, onde o sumo é tão sólido que até a palhinha fica em pé. Dei umas voltas, comi e decidi voltar para casa. Pela minha lógica teria que apanhar o mesmo autocarro mas no sentido contrário. Acontece que do lado de lá da estrada não havia paragem nenhuma. Observei bem a rua e dei-me conta que a rua não tinha dois sentidos mas só um. E com a paragem cheia de gente e de sacos, decidi apanhar ali mesmo. Acercou-se um autocarro que dizia mineirão (o estádio ao pé da minha pousada)… óptimo, é mesmo neste que vou. Nem que não vá directo lá não faz mal, é da maneira que vejo as vistas. E andei por ruas e ruelas, levei um banho de Brasil, daquele mais puro, dos meninos descalços na rua, das pequenas lanchonetes em todas as esquinas, das casas pintadas às cores, da alegria do povo, …

Há 2 curiosidades que me despertaram a atenção nesta viagem. Uma delas foi um mudo que ia no autocarro. A linguagem gestual dele não era universal, não era aquela que por vezes se vê em determinados programas de televisão, muito provavelmente porque nunca teve ninguém que o ensinasse. No entanto, ele gesticulava, a mãe entendia-o e que mais precisava ele? Até porque os gestos que ele fazia eram mais simples, sem complicações e até eu o entendia. Achei um bom exemplo de vida. Para quê complicar? Outra coisa que nunca tinha visto e achei o máximo é as pessoas que vão sentadas se oferecerem para carregar os sacos das pessoas que vão em pé. Em 15min que fui em pé 4 pessoas me ofereceram ajuda. E o que vi em volta é que de facto as pessoas agradecem e entregam os sacos e malas a quem está mais próximo e sentado.

Tudo isto teve imensa piada… nos primeiros 30min. Depois começou a aparecer uma trovoada daquelas, mais tarde começou a chover a sério e eu já só queria chegar a casa. Mas parecia que cada vez estava mais longe. Fui perguntar ao motorista se ainda faltava muito. “Isso aqui não vai no Mineirão não”. Eu com cara de pânico “não? E agora? Isto tem ali escrito que passava lá!”. Sim, passou mas antes de me apanhar no shopping. Mas não havia que preocupar, disseram-me para descer no final da linha e apanhar um que saísse dali. Por sorte assim que desci apanhei logo o outro e lá fui. O caminho não foi o mesmo mas em sentido contrário, pelo que acredito que o trajecto até seja circular, só não é feito pelo mesmo autocarro. Com os vidros embaciados, a chover e já de noite acabei por deixar passar o mineirão e saí um pedaço mais à frente. Fiz o resto do trajecto a correr, principalmente quando atravessei o pátio escuro do estádio! È que para piorar nem relógio tinha e não fazia ideia que horas eram. A julgar por todo o tempo que andei de autocarro e pelo vazio das ruas diria que eram umas perigosas 22h. Chegando ao hotel, molhada e de língua de fora, descobri que eram apenas 20h. Mas enfim. Da próxima tenho que descobrir onde apanho o autocarro certo, pois demorar 2h para chegar a casa quando deveria demorar 10 minutos, não me parece bem.


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Banheiro

Ir à casa de banho nesta universidade é uma aventura. Bem, talvez não na universidade inteira, mas neste edifício é de certeza. Estou no Instituto de Ciencias Exactas (ICEX), que tem a forma de um quadrado com 4 andares e muitos corredores e recantos. O ideal para a gente se perder. Acho que seria o cenário ideal para um filme de terror e já estou a imaginar a vítima a fugir do assassino por estes corredores à noite, até porque aqui é tudo aberto e deve estar uma escuridão daquelas depois do sol se pôr. Pronto... voltando ao tema do post... a casa de banho. Nos 3º e 4º andar situam-se gabinetes e laboratórios e por aqui todas as casas de banho estão fechadas e é preciso ter-se chave. A parte boa é que a chave é igual para homens e mulheres, o que ajuda tendo em conta que estou no departamento de fisica onde apenas 10% são mulheres. A parte má é a cara de pau de ver alguém passar no corredor e dizer "importa-se de me abrir a porta da casa de banho?". Há 10 minutos atrás lá fui para o corredor, plantar-me em frente ao banheiro à espera que alguém passasse. Estavam lá dois senhores a discutir fisica avançada e achei mau interromper aquela discussão cientifica sobre electrões e propriedades magneticas e afins para pedir a chave e decidi ir ao departamento do lado... o de matemática. Aí encontrei casas de banho abertas... uma para homens outra para deficientes! E as mulheres? Corri tudo ali em volta e nada! Muito bem, mas que discriminação, ou será que há mais deficientes que mulheres (ai de quem fizer algum comentário machista a este post). Com isto tudo já tinha passado um tempão e começava a ficar aflita e fui mesmo à dos deficientes. Era enorme que nem um salão de baile e achei piada ao pormenor do sabão liquido estar numa garrafa de pepsi com um furo na tampa. Viva o estilo brasileiro de resolver as coisas, que se formos a ver não é assim tão diferente do português.

Ser estrangeiro no Brasil

Bem, este titulo dá para dois pontos de vista diferentes.
Primeiro vou falar do Tobias. O Tobias é um estudante de doutoramento alemão que está a trabalhar no próprio país e que tal como eu decidiu vir uns tempos para cá. Já cá está há um mês e revejo-me completamente nele. Todas as dificuldades que ele passa cá com a lingua eu passei lá na Polónia. A diferença é que aqui ninguém faz um esforço por ele. Se falam com ele é inglês, mas se falam entre eles é sempre em Portugues. E vejo-o meio perdido, no local e nos pensamentos. Já aprendeu umas palavrinhas para conseguir comprar coisas no bar da universidade e já se derenrasca sozinho. E depois claro, há sempre as situações engraçadas, que também eu tive! Ontem pediu um cappucino com água. A senhora não entende bem e pergunta "com baunilha?" e ele também sem entender diz que sim e no final diz que aquilo tem um sabor diferente dos outros dias. Pois... Eu esforço-me por falar com ele, até porque é um gajo porreiro e simpático e até fala um inglês decente, mas eu não sou uma comunidade inteira! Acima de tudo penso que ele está a gostar da experiência e é isso que importa.
O outro ponto de vista é o meu. Eu que falo português... de Portugal mas estou no Brasil! Num outro país onde a lingua é a mesma mas o som é diferente. Onde tenho que falar devagar e usar mais vezes o gerundio para ser mais bem compreendida. Onde muitas vezes peço para repetir porque eu própria não entendi muito bem. Claro que jamais se assemelha à minha situação na polónia. Mas não deixa de ser estranha esta sensação de estar num país estrangeiro, onde tudo é novo, os costumes são diferentes mas ao mesmo tempo entender a lingua que se fala na rua, poder perguntar e pedir o que quer que seja. É uma sensação unica! Já para não dizer que o facto de ter passado a falar inglês 80% do meu dia me baralha o cerebro e esforço para falar português do Brasil é bem maior que para falar a lingua inglesa. São boas noticias acho. Finalmente atingi aquilo que tantos professores me disseram "não traduzas os teus pensamentos, pensa logo em inglês". Por outro lado há situações em que já nem penso, começo a falar inglês e só me apercebo quando o pessoal à minha volta se desata a rir! O meu cérebro é como o Raman. Quando está no modo "inglês" (laser verde) é complicado trocar a linha para outra lingua (cor).
Mas realmente, faltava-me ainda esta experiência para preencher o meu curriculo de viagens. Sei que ainda não vi de tudo... mas quase!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O tipo do quarto ao lado

Há uns tempos atrás participei na rubrica da CiadadeFM o tipo do carro ao lado e depois da noite de ontem poderia também participar no tipo do quarto ao lado. Eu a tentar dormir e só me ria.
A pousada além de 3 andares com quartos partilhados, tem umas casinhas à parte com 2 quartos de casal cada um, ao que eles chamam suites. Eu estou num desses. O pior é que as paredes são de contraplacado e ouve-se tudo de um quarto para o outro. Ontem, tinha já tudo desligado e acho mesmo que até eu já tinha desligado quando ouço uma voz exaltada. Era o tipo do quarto ao lado a falar com a mulher. A conversa era do tipo:
"Puxa Simone, eu amanhã tenho que levantar cedo para trabalharm pára de encher o saco e deixa eu dormir. Você sabe que eu te amo, agora deixa eu descansar que amanha tenho que levantar ás 6.20! O seu mal é que sempre namorou com pé de chinelo e não 'tá habituada a homens a sério que trabalham. Pára de encher o saco... eu vim trabalhar, não vim fazer mais nada. Estou cansado deixa eu dormir!"
Pausa e uns 5 minutos depois toca o telefone e recomeça a cena:
"Eu já falei para você que vim trabalhar. não precisa fazer escandalo, são só 3 noites. eu também tenho saudades suas, mas saí daí hoje não precisa me encher tanto o saco, 'tou tentando dormir. (pausa) Puxa Simone como é que você pode pensar isso de mim, era isso que os outros pé rapados faziam para você? Mas eu sou um cara sério, vim trabalhar, me deixa dormir. (pausa) Sim, é isso mesmo, tenho aqui 3 mulheres comigo me fazendo massagem, puxa Simone pára de encher o saco, deixa eu dormir. Eu te amo, pára com isso"
Meia hora depois habituei-me ao som de fundo e adormeci assim mesmo. A todas as Simones do Brasil... vá, deixem o cara em paz, ele precisa dormir... e eu também!!!!!

Shopping

Ontem saí da Universidade e decidi ir dar um passeio até à lagoa e mais tarde ao shopping aqui do bairro. A lagoa é um sítio fantástico com um calçadão em toda a volta. Uma beleza natural imensa, cheia daquela água esverdeada e garrafas de plástico abandonadas na margem. Também percebi que as "coisas" verdes a boiar não eram tartarugas mas sim cocos. Ainda assim tirando isso a lagoa é realmente bonita e um local agradável. Sei que tem uns quantos locais turisticos nas margens, que não conheci ainda pois o perímetro da lagoa são cerca de 15km. No fim de semana vou percorre-los e tirar também umas fotos para mostrar.
Mas o meu objectivo ontem era ir até ao shopping cá do sitio dar uma espreita. Esqueci-me do mapa em casa, mas tinha na cabeça mais ou menos o local. Pelo menos sabia que se via da margem da lagoa.
Andar no calçadão é uma loucura principalmente quando se é uma mocinha fresca, jovem e sozinha como eu. Isto é pior que Portugal. As motas e os carros buzinam, há aqueles que abradam e deitam a cabeça de fora e gritam baboseiras, os ciclistas olham para trás e gritam também e até velhos, sentados à beira da água se meteram comigo! Não estou a exagerar, é mesmo assim!!!
Depois de andar uns 2km continuava sem ver sinais de shopping e tendo em conta o comportamento masculino continuei a andar até encontrar uma mulher a quem perguntar onde era. Encontro então uma senhora que me diz que o "shopping é p'ra lá. Não sei bem onde é não, mas é p'ra lá". Explicou-me que era a primeira vez que andava ali também, mas como vinha da direcção que apontava achei que sabia o que dizia. Andei mais um tempão e nada de shopping. Perguntei a outra rapariga. "ah é além. Você 'ta vendo aquele edificio verde? É isso aí". Ah... aquele edificio verde do outro lado da margem, longe pa catano, mesmo em frente ao local onde perguntei à outra mulher e me mandou para este lado? Estou a ver estou! Volto atrás e ao aproximar-me apercebo-me que o edificio tem aspecto de estar em ruinas e quase a cair. não era ilusão optica, mas não estava assim tão mal. Entro... surpresa... cadê as lojas? Cadê as roupas, malas, sapatos que há num shopping? Num hááááááá.... O prédio tinha quatro andares, dois com escritorios e dois com lojas... de pneus para bicicletas, tintas, móveis, companhias de seguros, um banco, loja dos 0.99 reais com pai-natais à porta e um supermercado. O resto das lojas (mais de metade) estavam fechadas. Mas atenção... tinha 6 salas de cinema, no rés do chão... junto ao parque de estacionamento.
E foi assim que fiquei a conhecer o Pampulha Mall... um local imperdivel... ou não.
(no fim de semana deixo o meu medo de andar de camara fotográfica atras e mostro fotos disto tudo)

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Ui ui Caipirinha ui ui


As horas passavam, os minutos também e com eles os dias e nada... o convite não surgia, a sugestão não chegava aos meus ouvidos e eu desesperava pela minha primeira caipinha cá! Ontem, depois de mais um dia enfiada dentro daquele cubiculo sem janela e depois de um passeiozinho no campus (passeiozinho como quem diz, porque isto aqui é enorme) "surgiu" então a oportunidade... perfeita ou não, não interessa, mas ali estava... uma lanchonete/restaurante, onde dizem eles não atenderem pessoas sem camisa. Bem eu não tinha camisa nenhuma mas entrei à mesma... acho que camisola também conta! Não havia sol, mas havia calor e pedi o tão desejado coktail de lima, açucar e cachaça... Vai o primeiro golo... até me sairam os olhos das órbitras... "está forte pensei". Mas depois reparei no pauzinho de gelado, lambido sabe-se lá por quantas pessoas, que vinha la dentro... Mexi... hhhhmmmmmmm caipirinha gostosa! E saboreei... degustei... aproveitei aquele fresquinho! Até pode haver bares em portugal com caipirinhas assim, muitas vezes feitas por nativos brasileiros, mas sem o calor, o sotaque a chegar aos ouvidos, a paisagem em volta o sabor nunca será o mesmo!
Viva o Brasil!!!!!!!!!!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

São Paulo

Ao 5º dia

Passei 2 dias em Sao Paulo com as minhas primas de lá. Conheci já alguns primos (brasileiros, morenos, lindos!!!), mas muitos ainda ficaram por conhecer. Conheci um pouco da cidade, que tem apenas 20 milhões de habitantes. Recordei o que tanto gosto no Brasil. Aquele ambiente que anda no ar, as lojas todas abertas, passar na rua e ver pessoas ao nosso lado a cortar o cabelo, os meninos de rua descalços e felizes, a fruta fresca, os sucos deliciosos, o feijão com arroz, o sol, o calor... uma infinidade de coisas. Não era capaz de viver no Brasil, toda esta insegurança assusta, mas se pudesse passava cá um mês por ano. Já me fartei de comer ananás e goiaba, ja bebi o meu "suco de acerola" e já apanhei uns raiozinhos de sol à beira da piscina!
O local onde esou fica próximo do estádio do Mineirão, onde jogam o Cruzeiro e o Atlético, dois clubes de Belo Horizonte, aquele que em tempos foi o 2º maior estádio do mundo (no mesmo tempo em que o da luz era o 3º maior). Um dia destes vou ver um jogo. Esta zona é muito tranquila, pois é a zona rica cá do sitio. Todas as casas têm grandes carrões à porta e arame farpado em volta. Tenho o Carrefour muito perto (os carrefours perseguem-me) mas bem diferente do da Polónia. A fruta é fresca em vez de amassada, o verde da carne é substituido por cores normais bem como o vodka por cachaça.
No trabalho as coisas não correm como eu esperava pois não fui recebida como fazemos aí! Apareci, mandaram-me sentar e ficar à vontade e é tudo! Tive que pedir para ver o aparelho, aprendi umas coisas mas nada de especial! Logo se vê o desenvolvimento da coisa.

domingo, 4 de novembro de 2007

Viagem II

Como sempre, no ultimo post esqueci-me de contar o mais engraçado da viagem.
Dias antes da minha partida a Ala, meio no gozo, meio a brincar disse para eu ter cuidado por causa do software do meu portatil ser ilegal, como todos os outros. Na altura ri-me e mal liguei.
Ao fazer o controlo de segurança em Berlim pediram-me como sempre para tirar o pc da mochila e passa-lo à parte. Depois de passar a mochila a rapariga diz-me que tenho uma pedra lá dentro e tinha que revistar! Pedra??? Tirou tudo, virou tudo do avesso e afinal não tinha pedra nenhuma! A seguir o outro segurança perfunta-me se aquilo era computador e se podia ligar. Primeiro pensamento da Sara "Oh não, é mesmo verdade que eles conferem os softwares" (apesar de nunca o terem feito antes). Os meus reflexos rápidos permitiram-me dizer que não dava para ligar, pois a bateria estava descarregada!!! Esperta... ou não... Resposta do senhor "Ah então temos que ir ali a um controlo especial". Não entrei em pânico, mas quase, ao pensar que me iam abrir o disco rigido ou qqr coisa! Agora sei que foi uma parvoice pensar isso, mas na altura... Fomos para um gabinete fechado, pequeno, com umas maquinas estranhas, onde me aspiram o computador. Pergunto o que estavam a fazer e eles nao me conseguriam explicar em ingles!!! Analisaram as particulas que aspiraram (tal qual CSI) e eu perguntei se procuravam droga! Não... a revista era para TNT e eu estava limpa!!!! Afinal o ligar o computador era só para confirmar que funcionava e não que estava vazio e cheio de TNT!!! Mas pelo menos assim fui ver as salas especiais onde apreendem materais e pessoas!!!! Gostei... mais uma para contar!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A Viagem

Como desta vez vou ficar muito tempo fora decidi ir escrevendo para ninguém perder pitada. Saí da Polonia às 7,30 da manha. Cerca das 14h cheguei a Milão. Sem perder tempo apanho o expresso para o centro e embrenho-me no mundo onde as pessoas falam a cantar. Praça central... Duomo! Sim, é grandioso, bonito e majestoso... imagino como não seria sem aqueles placares todos na fachada da frente que tapam as obras! Tive mesmo pena de não ter visto a Catedral TODA! Assim não teve nem metade da piada. Dei uma voltinha pelas montras (sim, percebe-se o porquê da famosa expressão "shopping in Milano"). Tentei não olhar os preços e correu tudo bem. como comida de avião não enche o papo decidi que tinha que comer um prato tipicamente italiano. escolhi um lugar longe do centro, mais recatado e preços mais em conta. Pedi um prato de pasta recheado com batata e molho de tomate. Boa escolha... sem dúvida! Se fosse 4 vezes maior era perfeito. Pois, fui roubada à grande! Fui compensada a seguir, quando me ia dirigir ao MacDonal's para encher a barriga e vejo... Castanhas Assadas a vender na rua, tal e qual a praça do Giraldo. Claro que esqueci logo os haburguers e me deliciei com aquelas preciosidades tão longe de casa.
A seguir voo de 11h! Fiquei contente quando reparei que havia um televisão para cada passageiro onde se podia escolher o filme que se queria ver. Estranhei que toda a gente tenha recebido o controle remoto menos eu. Fui perguntar porquê. Ah pois, lamentamos mas acabaram! Então e agora? Eu paguei o mesmo bilhete que os outros! Pois temos pena! Tentei os fones que me deram para ouvir musica... estavam partidos. Farta pego no meu mp3... estava sem bateria e as pilhas sei lá onde! Optimo. Está tudo a melhorar! Restou-me dormir a viagem toda o que até nem foi mau.
Apercebo-me que por causa da mudança de hora na europa estavamos uma hora antes do que eu tinha dito às minhas primas. Sorte que acabou por se atrasar um pouquinho (ja estou a falar abrasileirado). A minha mochila foi a primeira a sair, o que me deixou muito feliz. Fiquei na zona de saídas à espera delas. Passava 1h da hora marcada e tendo em conta que nenhum dos meus telemoveis trabalhava decidi ir tentar resolver o assunto. Loja de telemoveis... "ah e que rede é que apanhas? Essa não é a nossa". Bem, sendo assim eu tento apanhar a vossa manualmente. não tinha logo não dava/queriam resolver o assunto. Pensei ligar do telefone publico. Precisava moedas. Fui comprar água... a moça da-me so notas de troco! Preciso moedas, peço eu! Nao, os telefones so funcionam com cartao, os de moedas ja nao dao! Eu ja a perder a paciencia... ok ok da ca o cartao. Vou tentar ligar e nada!!! Para as minhas primas nao dava, para a minha mae muito menos! Calma Sara respira fundo.. elas tb não se iam esquecer de ti! Vou ao posto de turismo e pergunto que numeros devo ligar para Sao Paulo, pois pensei que o problema devia estar nos indicativos todos que estava a marcar. Lá me indicaram e 2h depois consegui FINALMENTE ligar para elas, que estavam a apanhar um secão noutro terminal de aeroporto, pois sabe-se la porque o meu avião foi aterrar no que não costuma receber voos da europa!
Atribulado, no minimo! Mas depois veio a compensaçao... isso fica para depois!
(resumindo... está tudo bem, correu tudo bem e estou bem entregue!)