sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ser estrangeiro no Brasil

Bem, este titulo dá para dois pontos de vista diferentes.
Primeiro vou falar do Tobias. O Tobias é um estudante de doutoramento alemão que está a trabalhar no próprio país e que tal como eu decidiu vir uns tempos para cá. Já cá está há um mês e revejo-me completamente nele. Todas as dificuldades que ele passa cá com a lingua eu passei lá na Polónia. A diferença é que aqui ninguém faz um esforço por ele. Se falam com ele é inglês, mas se falam entre eles é sempre em Portugues. E vejo-o meio perdido, no local e nos pensamentos. Já aprendeu umas palavrinhas para conseguir comprar coisas no bar da universidade e já se derenrasca sozinho. E depois claro, há sempre as situações engraçadas, que também eu tive! Ontem pediu um cappucino com água. A senhora não entende bem e pergunta "com baunilha?" e ele também sem entender diz que sim e no final diz que aquilo tem um sabor diferente dos outros dias. Pois... Eu esforço-me por falar com ele, até porque é um gajo porreiro e simpático e até fala um inglês decente, mas eu não sou uma comunidade inteira! Acima de tudo penso que ele está a gostar da experiência e é isso que importa.
O outro ponto de vista é o meu. Eu que falo português... de Portugal mas estou no Brasil! Num outro país onde a lingua é a mesma mas o som é diferente. Onde tenho que falar devagar e usar mais vezes o gerundio para ser mais bem compreendida. Onde muitas vezes peço para repetir porque eu própria não entendi muito bem. Claro que jamais se assemelha à minha situação na polónia. Mas não deixa de ser estranha esta sensação de estar num país estrangeiro, onde tudo é novo, os costumes são diferentes mas ao mesmo tempo entender a lingua que se fala na rua, poder perguntar e pedir o que quer que seja. É uma sensação unica! Já para não dizer que o facto de ter passado a falar inglês 80% do meu dia me baralha o cerebro e esforço para falar português do Brasil é bem maior que para falar a lingua inglesa. São boas noticias acho. Finalmente atingi aquilo que tantos professores me disseram "não traduzas os teus pensamentos, pensa logo em inglês". Por outro lado há situações em que já nem penso, começo a falar inglês e só me apercebo quando o pessoal à minha volta se desata a rir! O meu cérebro é como o Raman. Quando está no modo "inglês" (laser verde) é complicado trocar a linha para outra lingua (cor).
Mas realmente, faltava-me ainda esta experiência para preencher o meu curriculo de viagens. Sei que ainda não vi de tudo... mas quase!

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