quarta-feira, 25 de novembro de 2009

The polish way

Hoje aconteceu algo engraçado que penso que mostra a mais pura essência polaca. Obvio que vou generalizar, mas obvio também é que isto não se aplica a todos. Os polacos têm uma têndencia natural para exagerar. Tudo é em grande, seja bom ou mau. Se puderem evitar fazer algo, não o fazem, nem que seja levantar o rabo da cadeira para fechar uma janela.
Na semana passada foi-me dito pela chefe que esta semana teria um ensaio da minha apresentção. As Indicações foram claras: "vão lá estar todos os professores do departamento, vão-te fazer notar coisas menos boas na tua apresentação e sobretudo vão fazer imensas perguntas para testar o teu conhecimento. Já sabes o que as pessoas perguntam sempre mais sobre a parte da biologia e dos ratinhos e dos testes em humanos, por isso lê muito e prepara-te."
Depois de lhe ter chamado n nomes mentalmente, lá perguntei: se isto é algo tão importante, para o qual tenho que me preparar quase como se fosse já o dia final, por que raio é que só sou informada com menos de uma semana de antecedência? Havia mil respostas aceitáveis para esta pergunta, e ela escolheu a que eu mais esperava vindo dela... ah, esqueci-me!
Lá tive que preparar tudo mais ou menos a correr. O pior mesmo foi ter passado o fim de semana inteiro a ler um livro sobre reactores que ela me aconselhou, e que só domingo à noite percebi que se tivesse ido à wikipédia teria aprendido o mesmo e em 2h.
Finalmente chegou o dia... hoje. Sentia-me preparada como se fosse a discussão final. Mas não estava definitivamente preparada para a situação que me esperava. A apresentação correu bem só achei que fazia muito eco no vazio daquela sala preenchida com... 3 pessoas! Uma delas a minha chefe!
E os outros dois, entre o professor nervoso que olhava para o relógio de 2 em 2 minutos e o outro mais jovem que não parava de bocejar... não sei o que foi pior. As perguntas essas... não as vi... nem ouvi. Fizeram alguns comentários claro. Quase que foram obrigados a isso, pois seriam eles ou ninguém. E de entre os comentário não consigo escolher o favorito entre o "não gosto muito do fundo, acho que deveria ser branco" e o "acho que devias adicionar o nome do departamento no primeiro slide".
Houve ainda o "acho que a apresentação está demasiado completa, devias cortar coisas". Isto é a minha defesa de doutoramento e está demasiado completa??? E o senhor continuou dizendo "eu percebo que queiras mostrar tudo o que fizeste, mas nestas coisas tens que fazer um sumário". E eu respondi "Isto está longe de ser tudo o que eu fiz e já é um sumário". Ele viu isto como um desafio e pediu-me para ir slide por slide para ele me dizer onde eu podia cortar. Chegamos ao ultimo slide e... nada! Ele não conseguiu cortar nada! I told you so...
Quando todos saíram e fiquei sozinha naquela mesma sala estava mais frustrada que nunca. Não só não me tinham ajudado em nada, como ainda tinha modificações para fazer com as quais discordo absolutamente. E não foi assim que eu imaginei a minha apresentação. Penso que acima de tudo deveria ser uma coisa personalizada, ao meu estilo.
Na verdade quem me conhece pode adivinhar o que vem a seguir. Os riscos são para correr, e o meu estilo vai continuar a estar lá. Se é demasiado vivo e energético para os polacos? Quero lá saber. Depois desse dia não os vou voltar a ver e pode ser que aprendam a dissolver aquelas nuvens cinzentas que os rodeiam todos os dias.

2 comentários:

Joni C. disse...

Do it your way!
'Love a person for what he is, not what you think you can make him to be.'
Kiss

Sara disse...

Obrigado afilhadão. Querem todos tornar-me cinzenta como eles, mas eu sou às cores ;)
beijokas