quinta-feira, 22 de março de 2007

Kirchberg - Tirol - Austria

Quem me disse que a Áustria era um país fantástico e que eu ia adorar não se enganou. Imaginava o Tirol exactamente como ele é… casinhas de madeira distribuídas de modo meio desarrumado pelas montanhas cobertas de neve e vales verdes a perder de vista. Pelo que as pessoas diziam, nesta altura o verde costuma estar coberto pelo manto branco, mas este ano o tempo pregou-lhes uma partida e neve só mesmo no cimo das montanhas. Eu prefiro assim. Há meses que não via um sol tão brilhante e a minha pele agradeceu todo o tempo que passei na rua. Estava realmente um tempo fantástico… calor, sol, mas a neve manteve-se e permitiu a pratica de ski. Mas bem… vamos aos pormenores mais interessantes:

Iniciação ao SKI
Conseguimos arranjar um grupo de 5 pessoas que nunca tinham esquiado antes. Éramos todos mais ou menos jovens e ansiávamos por deslizar pela neve branca. Comprámos um pacote de 3 aulas. A primeira aula foi dada por um instrutor que a cada 5 palavras dizia 3 vezes “ya”. Ao fim do primeiro dia achávamos que tínhamos desenvolvido muito, mas quando conhecemos o instrutor da segunda e terceira aulas descobrimos que tínhamos sido burlados e que não tínhamos era aprendido nada de jeito. O segundo instrutor esteve no exército americano durante 3 anos e as nossas aulas faziam lembrar isso mesmo. Ajuda a levantar do chão? Sozinho e é se queres que tens bom corpo para isso. A Paola que o diga que esteve no chão 20 minutos sem se conseguir levantar e ele continuou a dar a aula e a gritar-lhe (gritar porque estava longe não por estar zangado) de 5 em 5 minutos “stand up, get up”. O que fazíamos nunca era bem feito era “not so bad”. Foi o máximo e divertimo-nos imenso.

Primeira descida pela montanha: só aconteceu na terceira aula e foi uma emoção. Descemos devagarinho e por uma pista superfácil, mas em certos pontos deu para sentir o início da adrenalina que velocidade nos dá.

Primeiro mini tombo: primeira aula a sair do elevador… sim a esquiar nunca caí, caí quando cheguei ao cimo da pista e não consegui largar a coisa que nos puxa e comecei a esquiar na relva que lá havia. Má ideia… os esquis só deslizam mesmo na neve.

Primeiro tombo: aconteceu na primeira descida da montanha. Como sou portuguesa e gosto de ser solidária com as pessoas não caí sozinha. Bati contra uma mulher, abracei-a e caímos as duas. Eu ainda lhe gritei para se desviar ela é que não ouviu. Bem… se calhar não devia ter gritado em português… mas um grito é um grito e em dois segundos não dá para pensar muito bem o que vamos gritar!!!

Primeiro tombo dos grandes: quarto dia, já sem instrutor, quando decidimos experimentar outra pista azul (alguém me tinha dito que a verde era a mais fácil, mas por estas bandas a azul é que era). Cá para mim deve haver azuis claras e azuis escuras, porque a primeira descíamos na boa e quando experimentamos esta… bem… Assim que vi a inclinação percebi que ia cair um monte de vezes e realmente não me enganei. Aventurei-me e dois metros mais abaixo lá estava eu no chão… duas cambalhotas depois… virada de cabeça para baixo. Comecei-me a rir e enquanto não parei não me consegui levantar. Aquilo era mesmo complicado, porque é assim… uma pessoa vai de lado e quando se chega á ponta têm que se virar os esquis para o outro lado o que permite que estes fiquem na direcção do vale por uns milésimos de segundo, o suficiente para se ganhar uma velocidade inacreditável. Como não sou burra nenhuma arranjei uma estratégia… ia até à ponta… atirava-me para o chão… trocava os pés para ficar virada para o outro lado e levantava-me. Não aprendi muito bem a descer a alta velocidade mas deu para descer sem me partir toda. Acho que experimentamos esta muito cedo. Fica para o ano.

As pessoas

B.S. TEAM (begginers ski team, fui eu que lhe dei o nome que agora todos usamos).
Sara – Portuguesa a trabalhar na Polónia
Paola – Originária do Equador, iniciou PhD no Rio de Janeiro e está a termina-lo em Dresden na Alemanha. Grandes conversas que tivemos em português.
Ermin – Nasceu na Bósnia e está a trabalhar em Berlim com uma perninha no MIT. É um dos crânios da Física, super inteligente mas sem aquele aspecto de cientista maluco. Muito divertido e brincalhão.
Ariel – Nasceu na Argentina mas desde pequeno que se mudou para Israel, onde está a trabalhar. Esteve 3 anos no exercito e para relaxar a seguir foi viajar durante 3 meses pela américa latina. Fala espanhol e tem imensas histórias para contar. Um lutador nato e vive a vida de um modo que admiro muito.
Aravind – Indiano a tirar pos-doc na Alemanha. Muito jovem e engraçado. Era de todos o mais individualista mas ao conhece-lo melhor conseguimos entender que isso faz parte da educação dele.

Passámos imenso tempo juntos, não só no ski, jantávamos juntos e ficávamos no bar até mais tarde depois das conferencias.

Como se pode ver sou a mais alta! A loira no meio de nós é a Rita da Hungria que só se juntou a nós nesse dia. Os 3 que estão do lado esquerdo foram os cromos que nos levaram para outra pista e disseram que nós conseguiamos descer... e conseguimos... às cambalhotas mas conseguimos! Temos uma foto melhor dos 5 mas anda aí perdida noutra maquina e ainda não me chegou às mãos.

Outras pessoas
Daniel – Alemão, com mulher brasileira, de volta à Alemanha. Doido por snowboard onde se atira sem pensar e cai sem dó nem piedade de si próprio. Ficámos grandes grandes amigos e foi ele que me deu mais apoio nesta semana. Também grandes noitadas de conversas em português. No primeiro dia era para mim tão estranho falar a minha língua que tive que fazer um esforço extra para falar com sotaque brasileiro, o que resultou numa misturada de inglês e português com ele a corrigir-me. Um alemão a corrgir-me o meu português… estava mesmo parvinha. Ao segundo dia já me tinha passado e vi o gozo que dava gozar as pessoas presentes sem elas perceberem.
Mayra – Brasileira de S. Paulo a tirar PhD na alemanha. Apesar de ter os seus 30 anos, fez a sua primeira directa na penúltima noite e estava excitadíssima por isso. Realmente eles ganham-me em experiências de nanotubos, mas em noitadas e histórias associadas passo a perna a qualquer um…
Ernö – Um dos barman do hotel. Fiz-lhe uma caipirinha e ele a mim outra (é uma vergonha mas a dele estava melhor). É amigo de toda a gente e faz cocktails de chorar por mais.
Atila – O outro barman. No dia em que jogou o Benfica com o PSG perguntei-lhe se o jogo dava na televisão. Não dava mas conversamos imenso sobre futebol. A partir daí de cada vez que me via levantava os braços e dizia “Benfica”. Prometi-lhe um cachecol no ano que vem…
3 Espanhóis (não me lembro do nome). Muito engraçados e amigos do copo.
Duas polacas completamente diferentes do que eu conheço aqui. Super animadas. Pertenciam ao grupo tardio que ficava no bar a cantar e a beber até tarde.
Alemães e austríacos – pertencem ao grupo de Dresden e são o máximo. Fartam-se de brincar uns com os outros e pregar partidas. Ali não há chefes e alunos… há pessoas… e suponho que o ambiente naquele laboratório deve ser fantástico.
Franceses, italianos, ingleses, japoneses, belgas, americanos… falei com todos um pouco… mas mesmo só um pouco.

Havia mais brasileiros mas pelos vistos eram demasiado “grandes” para conhecerem o pessoal do bar por isso fica para a próxima. Um dos grandes nomes desta área da ciência quando soube que era portuguesa contou-me uma história que se tinha passado numa praia (de nudismo) onde os reis iam passar férias. Eu tentei adivinhar qual era mas sem sucesso. Ela já se ia embora quando lhe disse “Sintra”. O homem ficou tão contente por eu me ter lembrado que me deu um beijo na testa. Isto na minha segunda noite…














À direita eu, o Ernö e as nossas caipirinhas. À esquerda o pessoal que costumava ficar mais tempo no bar.

Ambiente

Bem para primeira vez Kirchberg não é uma conferência fácil. Fala-se de -se de
é uma conferência fácil. Fala-se de ciência desde manha á noite e muitas vezes em física avançada. Toda a gente fala com toda a gente e felizmente há muitos jovens para se conhecer. Dei por mim muitas vezes a passear pelo bar cheio de gente, de copo de vinho na mão (uma pessoa tem que evoluir alguma coisa e os copos de cerveja de meio litro não dão grande jeito), a meter conversa, fazendo lembrar a queima. No fundo o ambiente é comparável… agora que acabou e que estou em casa sinto aquele vazio de domingo de queima no qual pensamos “e agora?”. Voltar ao trabalho, acabou a festa e a animação. Só não é bem o mesmo porque tinha 8h de conferências por dia, das quais devo ter entendido 10%, mas pronto, o ski e as noitadas compensam (uma noitada aqui é até ás 3h da manha, mas houve um dia que ficamos até às 5.30 e outras pessoas até ao pequeno-almoço). Na despedida houve promessas de visitas e viagens entre o grupinho do ski. Mesmo que isso não aconteça, pelo menos no próximo ano encontramo-nos em Kirchberg outra vez. Eles também querem conhecer Portugal e tenho que lhes organizar um tour pelo nosso país.


Bons momentos

À esquerda o Ermin e o Daniel descobriram que eu tinha cócegas… dei guinchos o resto da noite. À direita o musico de serviço… todas as noites se cantava ao som da guitarra… pena é que o reportório fosse sempre o mesmo.

















Os shots com vodka polaca e o Daniel a dançar com uma italiana.

1 comentário:

Unknown disse...

Bem mas que belas aventuras!!!

sempre em grande... quer dizer como kem diz, pk continuas a ser a mais pequenita de todos!!! lolool

Bjokas